Carta 302

07/11/2013 01:28

Em 5/11/2013:

A Paz do Senhor Jesus, Estava lendo seu texto e me esclareceu muitas dúvidas Obrigada.

E queria te fazer mais uma... O Sr mesmo disse que foi membro da igreja Maranata por anos, e só agora que o Sr viu que isso era errado??? Para ficar tanto tempo em uma igreja, temos que ver algo bom nela e sentir a presença de Deus Acho que cada igreja tem suas doutrinas e nem por isso todas são erradas e se eu não sentir a presença de Deus nela eu saio e vou para outra... Acho que não somos ninguém para dizer quem está certo ou errado e sim devemos seguir o que a Biblia e o Sr Jesus nos ensina e a igreja que não for fiel acertará as contas com Deus e não com o homem.

 

Pois quando falamos de um Pastor ou uma igreja especifica se torna perseguição e disso tenho certeza que o Senhor não se agrada. Devemos fazer a nossa parte e anunciar o evangrelho não podemos nos desviar do foco central nque é o SENHOR JESUS COMO ÚNICO E SUFICIENTE SALVADOR....

A TODOS A PAZ DO SENHOR JESUS AMÉM....

 

RESPOSTA, em 7/11/2013

Prezada MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

 

Se entendi bem, seus questionamentos referem-se às suas impressões pessoais sobre o meu comportamento e não aos fundamentos que apresentei no texto que motivou sua crítica à minha pessoa.

 

Pois bem, dado o aspecto pessoal de seus comentários, antes de responder suas questões, preciso esclarecer que você não encontrará em nenhum de meus textos qualquer ataque pessoal a pastores ou membros da Igreja Cristã Maranata. De outro modo, certamente você verá que sempre utilizo textos e contextos bíblicos para fundamentar minhas opiniões contrárias à prática religiosa, à doutrina, aos dogmas e, recentemente, à prática administrativa da instituição Maranata.

 

Passando às suas indagações, vou pontuá-las para ser bem objetivo em minha resposta.

 

“O Sr mesmo disse que foi membro da igreja Maranata por anos, e só agora que o Sr viu que isso era errado??? Para ficar tanto tempo em uma igreja, temos que ver algo bom nela e sentir a presença de Deus”

 

Para facilitar seu entendimento, vou fazer um comparativo de duas situações que experimentei em minha vida. Eu passei 20 anos na Igreja Católica Romana (ICAR) e foi lá que tive os primeiros contatos com o cristianismo e, acredite, eu sentia a presença de Deus em minha vida. Lembre-se que sentimento é algo pessoal. O que uma pessoa diz que sentiu eu não posso questionar, pois não sou Deus e, por isso, não tenho o poder de perscrutar os corações e avaliar se a pessoa sentiu ou não. Também, seria leviano afirmar que o sentimento de uma pessoa é falso ou verdadeiro.

 

Pois bem, certo ou errado foi na ICAR que fui informado sobre a existência de um Deus único, soberano, onipresente, onipotente e onisciente. Lá, também, desenvolvi meu temor ao Senhor e aprendi muita coisa sobre o amor e a misericórdia de Deus. Se você pensa que isso é péssimo, imagine o que aconteceu com milhões de pessoas que, por aproximadamente 1.000 (mil) anos, não tinham outra opção cristã senão congregar na Igreja Católica. Lembre-se que desde a “conversão” do imperador Constantino, no ano 312, e o casamento da Igreja com o Império Romano, até a reforma protestante, iniciada em 1.517, passaram-se 1.205 (um mil duzentos e cinco) anos sem que houvesse outra igreja cristã senão a Igreja Católica Apostólica Romana. Então, querida, responda: as pessoas que viveram nesse período de mais de mil anos foram salvas?

 

Eu gostaria que você considerasse que, do mesmo modo que viveram essas milhões de pessoas no “período das trevas”, assim eu vivi enquanto só conhecia a ICAR, até os meus 20 anos de idade. Não posso dizer que a Igreja Católica me fez mal, mas posso afirmar que ela não me levou ao conhecimento pleno da verdade.

 

Assim, depois de 20 anos escamas caíram dos meus olhos em relação à devoção aos santos e outros dogmas que não me puderam ser explicados à luz da palavra de Deus. Por causa disso, apesar dos benefícios que recebi na ICAR, lá não pude permanecer porque se o fizesse estaria contrariando minha nova perspectiva cristã acerca da salvação pela graça, mediante a fé e não em razão das obras.

 

É preciso que você perceba que, enquanto eu estava envolvido pela teologia católica, e sendo instruído cotidianamente por seus padres, eu não tinha condições de ver muitas coisas.

 

Mas, certo dia, uma jovem me convidou para assistir um culto na ICM e, desde então, tive contato com informações que antes eu não tinha. Os esclarecimentos que me foram prestados naquela ocasião me levaram a ver o que me estava encoberto. Frequentei seminários na ICM e aprendi que adorar ídolos de madeira, de pedra e de gesso não era certo. O resultado disso foi uma guinada em minha caminhada religiosa. A isso nós chamamos de conversão à fé evangélica.

 

 Mais 20 anos se passaram e eu estava absolutamente envolvido unicamente pela doutrina da ICM, frequentando seus cultos diários, reuniões semanais e seminários diversos. Enquanto eu estive assim, impedido de “olhar para os lados”, não tinha condições de ver nada mais que a doutrina e os dogmas da Igreja Maranata.

 

A história parecia se repetir. Um pastor e amigo, pacientemente, começou a me mostrar coisas que eu não conseguia enxergar na ICM. Agora, o que estava em questão não era a idolatria a imagens de escultura, purgatório, infalibilidade papal ou outros dogmas católicos, mas a idolatria a uma instituição, dita “Obra”. Do mesmo modo como nos tempos de catolicismo, procurei e não encontrei fundamentos bíblicos minimamente razoáveis para sustentar diversas práticas, doutrinas e dogmas da Igreja Maranata. Boa parte do que eu constatei trouxe ao exame dos meus irmãos nos diversos textos que publiquei no site celeiros (www.celeiros.com.br).

 

Portanto, querida, parece que o seu “só agora?” se repetiu em minha vida duas vezes. Infelizmente, parece que eu processo as coisas lentamente e demoro 20 anos para evoluir em meu entendimento bíblico. Eu sei que é muito tempo, mas ainda assim considero-me um privilegiado, pois há pessoas que lá ficam 40 anos e por mais que haja evidências de que estão no caminho errado não conseguem reagir.

 

“Acho que cada igreja tem suas doutrinas e nem por isso todas são erradas e se eu não sentir a presença de Deus nela eu saio e vou para outra...”

 

 

Lamento não poder compartilhar desse seu entendimento. Como eu disse no começo, prefiro deixar de lado a questão dos sentimentos e ficar apenas com o exame consciente e responsável da palavra de Deus. Se uma doutrina ou prática religiosa encontra fundamentos bíblicos, eu os aceito. Se não, eu os rejeito. Penso que isso é o mínimo que eu posso fazer, uma vez que Deus me deu inteligência e livre arbítrio.

 

Também, querida, eu gostaria que as coisas fossem simples assim: “saio e vou para outra”. Infelizmente, o estrago que se faz na mente das pessoas é quase irreversível. Se você tem contato com membros da ICM, olhe ao seu redor e constate. Há um imenso número de pessoas que, mesmo querendo, não conseguem se libertar da Igreja Maranata. Algumas até tentam, mas procuram igrejas muito parecidas, com práticas similares, ou voltam às origens humilhados e fracassados, prontos para se submeterem novamente ao jugo da ICM. Lembre-se: “o fruto não cai longe da árvore”.

 

“Acho que não somos ninguém para dizer quem está certo ou errado...”

 

Minha irmã, se Lutero pensasse assim, até hoje seríamos católicos. Mas, lembre-se, Lutero questionou a doutrina católica e não a integridade moral do Papa.

Mas, não sejamos “falsos moralistas” nem hipócritas. Releia seu e-mail e pense no que a motivou a me escrever. Se você for sincera, terá que admitir que me escreveu para dizer que eu estou errado em minhas convicções e atitudes. Ou seja, você se acha em condições, sim, de dizer que está certa e que eu estou errado. Percebe?

 

Penso que você poderia trazer-me fundamentos bíblicos para me mostrar onde eu estou equivocado em minhas interpretações bíblicas. Mas, escrever-me simplesmente para me dizer que eu não posso julgar doutrinas que considero antibíblicas é uma atitude que a coloca contra seus próprios conceitos.

 

“...devemos seguir o que a Bíblia e o Sr Jesus nos ensina e a igreja que não for fiel acertará as contas com Deus e não com o homem.”

 

Se você está certa, então podemos parar de evangelizar e deixar que os infieis e todos os equivocados acertem suas contas com Deus, não é mesmo?

Mais uma vez, lamento por não poder concordar com você.

 

Nem mesmo a liderança da ICM pode concordar com você. Veja que seus líderes separam várias aulas do seus seminários para apontar erros de outras vertentes religiosas (sabatistas, católicos, espíritas e testemunhas de Jeová), bem como dos neopentecostais em geral. Observe que eles também utilizam a bíblia.

 

“Pois quando falamos de um Pastor ou uma igreja especifica se torna perseguição e disso tenho certeza que o Senhor não se agrada.”

 

 

Mais uma vez, creio que você deveria olhar para a reforma protestante e, depois, repensar seus conceitos. Talvez suas certezas se mostrem frágeis demais para você continuar a sustentá-las.

 

Sei que algumas coisas podem ser difíceis de aceitar, mas é melhor enfrentarmos essas questões com humildade e, assim, escaparmos da incoerência.

 

Veja bem, nós podemos nos voltar contra o Papa, seus bispos e padres, mas não podemos nos voltar contra um pastor? É isso? Nós podemos criticar a doutrina da Igreja Católica, dos Testemunhas de Jeová e dos Adventistas do Sétimo Dia, mas não podemos criticar a doutrina da Igreja Cristã Maranata? Por quê? Seria a ICM e seus pastores intocáveis, mesmo quando se afastam da verdade bíblica?

 

“Devemos fazer a nossa parte e anunciar o evangelho não podemos nos desviar do foco central que é o SENHOR JESUS COMO ÚNICO E SUFICIENTE SALVADOR...”

 

Querida, que evangelho você acha que temos que anunciar? O de Jesus? Então, se o foco é Jesus, suas palavras devem estar no centro de nossa religião, não é mesmo? Se sim, vamos ouvi-lo antes de mais nada, para que possamos fazer a vontade do “Pai, que está nos céus”:

 

"15 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. "16 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? (...) 21 Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. " (Mateus 7:15-16; 21)

 

Como você pode notar, o próprio Jesus (foco) mandou-nos observar os frutos dos supostos profetas (homens de Deus?) e ser cautelosos. Percebeu? Se isso não fosse necessário e se bastasse pregar o evangelho, por que Jesus teria nos mandado atentar para a ação de pessoas que se apresentam como profetas de Deus? Por que chamaria a atenção para a existência de ladrões infiltrados no meio da igreja?

 

Veja bem, quem são as pessoas que se apresentam como profetas de Deus hoje? Não seriam os pastores das igrejas heréticas que falam em nome de Deus com profecias e revelações mentirosas, tendenciosas e inebriantes? Não são estes que fazem os fieis errarem o alvo e se desviarem da vontade de Deus e, consequentemente, da salvação?

 

E os lobos? Quem são os lobos roubadores nos dias de hoje? Não seriam os exploradores dos fiéis que lhes “arrancam a lã”, “comem suas carnes” e engordam às suas custas? Não seriam aqueles que recolhem dízimos e não os aplicam adequadamente nos fins bíblicos?

 

Sim, todos aqueles que recolhem dinheiro dos fiéis para construir templos e favorecer a si mesmos ou aos amigos enquanto deveriam atender à causa da igreja (pessoas) e dos necessitados, não passam de ladrões, pois desviam o valor arrecadado dos fins estabelecidos por Deus e os aplicam de modo diverso. Mais detalhes sobre isso você poderá ver em meu livro sobre dízimos.

 

Então, não devemos nos preocupar com eles? Atenção! Pregar o evangelho é uma atividade voltada para os de fora, mas isso não exclui a cautela obrigatória em relação aos que estão dentro, infiltrados: acautelai-vos!

 

Querida! Acorde! Seja observadora e perceberá quem, de fato, está profetizando mentiras e roubando no meio dos discípulos de Cristo! Se você conseguiu notar minhas obras, note, também, as obras dos seus pastores! Não tenho o menor receio de ser comparado a qualquer deles. Não que eu seja melhor, mas, pelo menos, assumo o que faço e o que falo abertamente, sem me esconder atrás de insinuações, indiretas, mensagens subliminares, falsas revelações, doutrinas heréticas, anonimato ou qualquer outra sutileza para me apossar do que não é meu: as mentes das pessoas.

 

Por fim, amada, não me confunda com um perseguidor da Igreja Cristã Maranata e, também, não me tenha por inimigo. Se eu não me importasse com você, não estaria lhe respondendo agora. Seria mais fácil para mim desprezá-la e, simplesmente, deletar seu e-mail. Mas, ao contrário disso, achei que você merecia minha atenção e dispus-me a respondê-la para que você tenha alguns elementos para refletir sobre sua fé.

 

Talvez, um dia você me agradeça por isso. Se não, pelo menos não me leve a mal por ser tão sincero e direto com você.

 

O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz.

 

Grande abraço,

Pastor Sólon