Carta 29

02/07/2013 12:20

De: MARIA

Para: Pr. Sólon

Você não tem vergonha do que está fazendo não?

Colocando as pessoas contra a igreja?

A sua opinião é sua opinião... Mas você sabe muito bem que colocar esse tipo coisa na internet...só porque você ficou rebelde... Pode muito bem tirar a oportunidade de algumas pessoas conhecerem ao Senhor...

 

RESPOSTA:

MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja contigo.

 Querida, creio que não lhe dirigi palavras ofensivas. Se fiz, peço perdão. Saiba que não tenho hábito de ofender as pessoas pelas quais Cristo se entregou, pois a nossa luta não é contra carne e sangue.

Vou responder todos os seus questionamentos com muito cuidado para não lhe ofender, mas sem faltar com a verdade e a sinceridade, que deve estar entranhada em nosso caráter.

 1º) Você não tem vergonha do que está fazendo não?

Querida, nunca tive vergonha de falar a verdade nem de estender a mão às pessoas que precisam de ajuda. Creio que ninguém deve ter esse receio. A melhor coisa que podemos fazer às pessoas é lhes falar a verdade, pois a mentira e a omissão, que permitem que as pessoas permaneçam no engano, não procedem de Deus.

2º) Colocando as pessoas contra a igreja?

Creio que você não leu o texto que escrevi, intitulado "respostas a diversas cartas" - sugiro que leia. A título de esclarecimento, gostaria que soubesse que tenho recebido muitas mensagens de pessoas que estão precisando de ajuda, pessoas que estão morrendo e não encontram apoio em lugar nenhum. Não vou detalhar para não expor ninguém nem ofender a sua denominação, mas acredite: tem mais pessoas beneficiadas pela verdade do que você possa imaginar. Eu não coloco ninguém contra nenhuma igreja. Em meus textos, apenas dou a minha interpretação dos fatos que vivi e comento doutrinas e entendimentos que considero falhos diante da palavra de Deus. Todos têm essa liberdade. Eu não me importo quando alguém discorda da minha interpretação. É o direito de cada um. Do mesmo modo que respeito a opinião dos outros, sinto-me livre para expressar a minha, buscando, é claro, a melhor expressão da verdade. Verdade que, muitas vezes, já existe nas pessoas, mas que somente quando são levadas a pensar sobre elas é que podem desfrutar de seus efeitos: a verdade liberta.

“e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8:32 RA)

Uma simples olhada para o texto bíblico citado acima nos leva a crer que Deus quer que conheçamos a verdade e que sejamos libertos. Portanto, creio que não é razoável dizer a Deus que, apesar de conhecermos a verdade, não queremos pronunciá-la ou defendê-la.

3º) A sua opinião é sua opinião...

Sim, isso é obvio.

 4º) Mas você sabe muito bem que  colocar esse tipo coisa na internet...só porque você ficou rebelde...

Querida, enquanto estivermos no campo das idéias, percepções e entendimentos sobre fatos ou doutrinas não estaremos pecando. Ao contrário, Deus nos estimula a provarmos os espíritos (1 Jo 4:1) e a conferirmos aquilo que nos ensinam com a sua palavra (At 17:11).

Porém, quando adjetivamos o nosso interlocutor, deixamos de combater o seu entendimento e passamos agredir a sua pessoa. Ou seja, atacamos a pessoa e não a sua idéia. E isso não é aprovado por Deus, que nos ordena o amor (Jo 15:12). Temos que ter maturidade para entender isso. Não sei se você já passou por uma Universidade, mas, se passou, deve saber do que eu estou falando.

Quanto a colocar meu testemunho na internet, entendo que isso é um direito que eu tenho. As razões pelo que fiz estão descritas nas considerações finais do próprio texto do testemunho. Talvez você não tenha observado esses esclarecimentos, por isso vou transcrevê-lo a seguir:

Devo, portanto, reafirmar que não tenho qualquer interesse em atingir membros que se sentem felizes servindo a Deus na ICM. Lembro-me aqui da alegoria da caverna de Platão – quem conhece sabe a que estou me referindo. O blog não foi feito para criar intrigas com “Maranatas” bem resolvidos e felizes onde estão, até porque, repito, tenho os membros da ICM em grande estima e consideração em Cristo Jesus. Quem está bem não precisa de ajuda. Desejo, sinceramente, que sejam muito felizes. Meu alvo são as pessoas que precisam de socorro e que se encontram renegadas e abandonadas. (...) Por fim, esclareço que tenho visto o quanto meu relato tem ajudado uma grande quantidade de pessoas que estão hoje remoendo os mesmos questionamentos que eu tinha no passado. E, em consideração a essas pessoas tenho mantido o texto no site. (o grifo não consta do original)

Quanto à sua acusação de que eu sou um rebelde, compreendo sua indignação. Vou relevar isso, até porque sei que suas emoções estão falando no lugar de sua razão.

Por fim, é necessário considerar que nossos direitos são idênticos. Do mesmo modo que você tem a liberdade de se expressar eu também tenho. Do mesmo modo que a sua igreja pode publicar na internet suas doutrinas, criticar doutrinas diversas e defender aquilo que entende ser o certo, eu também posso. Por exemplo, já li no site da ICM mensagens que, pessoalmente, acho que distorcem o verdadeiro evangelho e que podem colocar as pessoas contra outros posicionamentos mais acertados, mas respeito esse direito e creio que a ICM faz bem ao defender aquilo que acredita ser a verdade.

“A fé que tens, tem-na para ti mesmo perante Deus. Bem-aventurado é aquele que não se condena naquilo que aprova.” (Romanos 14:22 RA) (grifei)

  5º) Pode muito bem tirar a oportunidade de algumas pessoas conhecerem ao Senhor...

MARIA, a verdade nunca tirará de ninguém a oportunidade de conhecer a Deus, pois Ele é a verdade. Quanto mais nos aproximarmos da verdade, mais nos aproximaremos de Deus, ao mesmo tempo que nos afastamos do engano de Satanás.

Irmã, pense comigo: o que pode afastar alguém do amor de Deus? A mentira ou a verdade? O que você sugere? Você acha que devemos omitir a verdade, para não desagradar aqueles que se desviam dela?

Mas, se alguém se desviar da ICM e ficar decepcionado com igrejas depois que ler o testemunho que contei e os questionamentos doutrinários que fiz, de quem será a culpa? Seria minha que relatei aquilo que considerei desvios ou daqueles que produziram os desvios?

Vamos fazer um exercício de raciocínio para entendermos melhor essa questão? Hipoteticamente, imagine que você descubra que seu pai tem um relacionamento extraconjugal e que sua mãe não sabe de nada. Você já falou com seu pai a esse respeito, esperando que ele mudasse o seu comportamento, mas ele continua com as mesmas práticas e, além disso, lhe diz para você não contar nada para sua mãe, pois se fizer isso você estará destruindo a harmonia do seu lar.

Nesse caso, o que você faria? Você concordaria com essa proposta do seu pai e deixaria sua mãe viver no engano? Se você, por amor à sua mãe, decidisse contar tudo e ela viesse a se separar do seu pai, de quem seria a culpa? Sua ou do seu pai?

Agora vou dar um exemplo religioso, passo a passo, para você acompanhar meu raciocínio. Imagine a seguinte situação:

1)    Há um grupo de pessoas que guardam o sábado e acreditam que isso é fundamental à salvação de suas vidas;

2)    Você, ao interpretar a bíblia, conclui que a guarda do sábado não é necessária para que o homem seja salvo;

3)    E mais: você entende que a guarda do sábado traz alguns problemas para a vida das pessoas, seja de ordem profissional, familiar ou espiritual. Profissional, porque você percebe que muitos sabatistas deixam de ser selecionados para ocupar uma vaga no mercado de trabalho, uma vez que os empregadores preferem os candidatos que possam trabalhar aos sábados. Familiares porque esse rito religioso normalmente não é absorvido pelas gerações seguintes dentro da própria família, causando divisões. Espiritual porque, uma vez que não se guarda toda a lei, conforme Gl 5:3, a vontade de Deus não está sendo cumprida em sua plenitude, gerando conseqüências;

4)    Com essa consciência, você decide defender  o seu entendimento, procurando mostrar aos sabatistas, que fazem parte do seu círculo de amizades, que seu modo de ver as coisas é mais apropriado e que eles podem se livrar daquele preceito religioso sem qualquer prejuízo para a salvação deles, trazendo um ganho para várias áreas de suas vidas;

5)    Agora, imagine que 100 pessoas, após ouvir seus argumentos, deixem a Igreja sabatista e passem a congregar em outras igrejas evangélicas, que não guardam o sábado, e que essas pessoas passem a desfrutar de uma vida com Deus sem o peso desnecessário que estava sobre seus ombros;

6)    Imagine, ainda, que das 100 pessoas do exemplo anterior, uma delas, ao aceitar suas considerações sobre o sábado; ao ver o peso que carregava desnecessariamente por muitos anos; e ao perceber alguns prejuízos decorrentes desse modo de viver, se sinta enganado e fique decepcionado com a igreja e com os pastores que a conduziram por muitos anos, deixando a igreja sabatista;

7)    Por fim, imagine que a pessoa que se sentiu enganada perca a sua fé nas instituições religiosas e nos homens levantados por Deus para conduzirem o Seu rebanho, e, por isso, deixe de freqüentar qualquer igreja, passando a viver como um ímpio.

Agora responda: quem é o responsável pela escolha dessa pessoa que passou a viver como um ímpio? Qual a influência negativa que recebeu? De quem ele recebeu o mal? Você acha que a verdade lhe fez mal ou que o modo como ele reagiu à verdade é que lhe foi danoso?

Veja bem, querida, vou fazer uma afirmação com toda a minha convicção. A vontade de Deus é que a verdade prevaleça sempre. E essa vontade de Deus é sempre boa, agradável e perfeita – o melhor para todos. Acontece que as pessoas reagem de modo diverso a ela. Quando nós dizemos a verdade do evangelho do Senhor Jesus, há variadas reações por parte das pessoas: umas gostam, outras não. Umas aceitam, outras não. Umas ouvem, outras desprezam. Umas recebem com alegria, outras com raiva. E assim por diante. Mas, nem por isso deixamos de anunciar a verdade do Evangelho, não é mesmo?

Observe as diferentes reações à palavra de Jesus: certa vez, após o Seu discurso, uns discípulos o aceitaram, outros não, chegando a se afastarem de Jesus, mas nem por isso Ele deixou de defender a verdade:

“59  Estas coisas disse Jesus, quando ensinava na sinagoga de Cafarnaum. 60 ¶ Muitos dos seus discípulos, tendo ouvido tais palavras, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir? 61  Mas Jesus, sabendo por si mesmo que eles murmuravam a respeito de suas palavras, interpelou-os: Isto vos escandaliza? 62  Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava? 63  O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida. 64  Contudo, há descrentes entre vós... (...) 66  À vista disso, muitos dos seus discípulos o abandonaram e já não andavam com ele. 67 Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? 68  Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna;” (João 6:59-64; 66-68 RA) (os grifos não constam do original)

Irmã, gostaria que você soubesse que temos total consciência de sua afirmação e lamentamos muito quando sabemos que alguém reagiu mal à verdade ou não pode suportá-la. Entretanto, nada podemos contra a verdade, senão pela verdade.

“7 Estamos orando a Deus para que não façais mal algum, não para que, simplesmente, pareçamos aprovados, mas para que façais o bem, embora sejamos tidos como reprovados. 8  Porque nada podemos contra a verdade, senão em favor da própria verdade.” (2 Coríntios 13:7-8 RA)

Por fim, querida, estou à sua disposição para quaisquer outros esclarecimentos e renovo meu pedido de perdão se, de algum modo, minhas palavras lhe soaram como uma ofensa.

 Fraternalmente,

 Pastor Sólon.