Carta 259

02/07/2013 17:32

DATA DA PUBLICAÇÃO: 25/11/2012

 

De: MARIA

Para: Site Celeiros

Data: 24 de novembro de 2012 11:27

Assunto: cartas

Pastor Sólon

A paz do Senhor,

Bom dia.

Tenho acompanhado o site Celeiros, tem sido uma benção p/ mim ler tudo o que é postado. Gosto muito das cartas, porque muitas delas, possuem as dúvidas que eu tinha, fica claro que suas respostas são firmadas na Palavra, em especial, gostei muito de uma delas, na qual o Pastor sugeriu a um dos participantes, que lesse a Bíblia, de forma sincera e humilde e tentasse montar "um quebra cabeça", e que firmasse sua decisão na "nova" montagem do "quebra cabeça. Consegui alcançar a grande sabedoria contida naquela reposta, mesmo porque, foi o que fiz, ha algum tempo atrás, e, no meu caso, o figura que este "novo" quebra cabeça me trouxe, me deu a segurança que eu precisava para me decidir a sair da ICM.

 Que o Senhor Jesus continue a abençoar seu trabalho como Pastor.

          

De: Site Celeiros

Para: MARIA

Data: 25 de novembro de 2012 22:37

Assunto: cartas

 

Prezada irmã MARIA, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.

Fico feliz em saber que o material postado no site lhe tem sido útil.

Também, vejo que você tem proclamado mudanças em sua vida.

Como você está no início de um processo de reavaliação de seus conceitos, quero apenas traçar um pequeno panorama que pode ajudá-la em suas observações futuras e encorajá-la a seguir em frente sem medo, traumas ou arrependimento.

Bom, ao longo de oito anos, tenho assistido muitas pessoas que “saem sem sair”, outras que “ficam sem ficar” e algumas que saem de fato, com seus corpos, suas almas e seus espíritos.

Quem está nos dois primeiros grupos, certamente está sofrendo. Apenas no último grupo encontramos aqueles que alcançam a liberdade e a paz de espírito, que são as coisas que eu mais prezo hoje, tanto para mim quanto para as pessoas as quais eu pastoreio.

Quem “sai sem sair” muda de denominação, mas não abandona a velha doutrina, os velhos costumes e hábitos, os velhos preconceitos e os velhos modelos cultuais, ou seja, o corpo sai, mas a alma fica e, assim, o espírito sofre. Agarrados a tantos conceitos velhos não se pode esperar algo realmente novo em suas vidas. A única coisa que é nova é o remendo, que mais tarde fará um buraco maior na veste. Estes retirantes não encontram repouso em nenhuma igreja.  Nenhum lugar está bom para eles, pois são muito exigentes. Acham que sabem mais que os outros e que não têm mais nada a aprender. Tornam-se crentes improdutivos, insubmissos às autoridades constituídas por Deus, não confiam em mais ninguém e vivem frustrados emocionalmente e espiritualmente. De tanto viver assim, frios, críticos e independentes, tornam-se escravos de sua soberba espiritual, criando ambiente propício à operação do Diabo. Tais pessoas nunca deveriam mudar de igreja.

As pessoas que “ficam sem ficar” são aquelas que suas almas saíram, mas seus corpos ficaram e o espírito, como no grupo anterior, sofre. O fato é que há muitas pessoas que gostariam de sair, mas têm medo ou não querem provocar divisões em suas casas, ou temem decepcionar parentes ou perder suas posições eclesiásticas conquistadas com tanto custo. Essas pessoas acabam vivendo um sério conflito, pois estão sempre violando algo. Violam suas almas, quando se sentem forçadas a obedecer orientações para fazer coisas que não mais acreditam. Violam seus princípios cristãos quando descumprem as regras estabelecidas no meio em que vivem. Nos dois casos o peso da culpa traz aflição para a alma.

Somente os poucos pertencentes ao terceiro grupo é que experimentam a liberdade plena, do corpo, da alma e do espírito. Estes são aqueles que saem e não deixam nem uma unha para trás. Toda ligação com o passado vira história. Não fazem remendos, mas trocam as vestes. O processo é semelhante ao da conversão. Todos os valores, doutrinas, hábitos, conceitos e modelos cultuais são revistos à luz da palavra de Deus. Há disposição para aprender e humildade para receber tratamento: cura e libertação. O resultado é maravilhoso! O espírito fica avivado, a alma liberta e o corpo se beneficia disso.

Feito esse relato resumido, vou, agora, dar meu testemunho para que você saiba que vale a pena pertencer ao terceiro grupo.

Estou há quase dez anos da minha decisão pela mudança. Minha alma saiu primeiro e eu estava vivendo o conflito dos que “ficam sem ficar”. Então, no início de 2005, levei meu corpo para onde minha alma estava.

Eu me lembro que um mês após minha decisão eu já me sentia outra pessoa. Eu estava dormindo melhor e havia parado de tomar guaraná em pó para ficar bem acordado durante o dia. Com isso, meu trabalho, que exige muita concentração, ficou mais leve. Creio que isso me ajudou, inclusive, a aceitar novos desafios profissionais, fazendo-me chegar onde estou atualmente.

Em casa, o primeiro choque veio com as reuniões de casais que eu e minha mulher passamos a participar. Começamos a ouvir coisas e a receber instruções que alteraram profundamente nossos valores. Enquanto eu estava na ICM, minha mulher estava em segundo plano para mim, pois a igreja vinha em primeiro lugar. Eu não tinha noção do quanto isso a estava afetando. Certamente, mais tarde eu colheria os frutos desse meu comportamento, mas, felizmente, conseguimos fazer os ajustes necessários em tempo. Na medida em que eu ouvia as ministrações para casais, fui percebendo que havia muita coisa para melhorar em meu relacionamento conjugal. Hoje posso dizer que minha decisão beneficiou enormemente o meu casamento. No próximo mês, fazemos 24 anos de casados e eu não tenho a menor dúvida de que estamos melhores hoje do que estávamos há dez anos.

Outra fundamental bênção que recebi foi na criação de minhas filhas. Em meu novo mundo cristão, aprendi a ser um pai mais presente, mais amoroso e menos autoritário. A nossa relação com a igreja passou a ser mais natural e com menos regras e exigências, de modo que elas começaram a me ajudar ainda em tenra idade e até hoje, sem qualquer obrigação ou cobrança, continuam participando ativamente do meu ministério e eu nunca tive os problemas que dizem ser tão comuns a todos os adolescentes. Graças a Deus, minha mudança se deu enquanto minhas filhas ainda eram crianças e, assim, eu pude vê-las crescer bem de perto e não perdi nenhuma das fases de suas vidas. Hoje, posso dizer que elas não desenvolveram nenhum tipo de trauma familiar ou religioso e sentem prazer em estar comigo no lazer diário, nos passeios semanais, nas viagens semestrais ou nas atividades regulares da igreja (cultos, eventos e seminários).

E por falar em igreja, a CEEN foi uma grande escola para mim. Nela aprendi a ser pastor e a exercer a liderança pelo amor e não por imposição ou por constrangimento. Meus valores mudaram radicalmente e hoje eu não vejo mais a igreja como um local de reuniões, mas como um grupo de pessoas que exercitam a mesma fé na palavra de Deus, que se ajudam mutuamente, que têm os mesmos objetivos, que lutam contra um só inimigo e que conservam a mesma esperança na salvação por meio de Jesus Cristo.

Socialmente, eliminei uma situação que me mantinha preso. Antes, meu círculo de amizades se limitava aos irmãos da minha própria denominação. Isso me custou muito caro, pois quando decidi mudar, vi que não tinha nenhum amigo e isso é terrível para quem gosta de manter uma convivência social saudável. Hoje, tenho amigos de verdade. Uns são da CEEN e outros não. O que importa que meus amigos não dependem da igreja que frequento como condição para serem meus amigos. Como a CEEN é uma igreja de portas abertas, há pessoas que passam por nós e vão embora sem deixar de ser nossos amigos.

Quanto aos meus parentes, hoje estou mais próximo deles e não preciso “inventar desculpas” para evitar reuniões em datas importantes para eles. Obviamente, se eu sou luz, tenho que brilhar onde eu estiver. Se minha luz se apaga na presença dos ímpios é porque minha candeia não tem óleo suficiente para resistir ao vento. Ou seja, se eu sou facilmente influenciado pelos incrédulos, é porque minhas convicções espirituais são fracas. Graças a Deus, hoje posso conviver com meus parentes e aproveitar essas oportunidades para evangelizar, seja por palavras ou por testemunho de vida. Como dizia Francisco de Assis: “pregue o evangelho sempre e, se necessário, use as palavras”.

Enfim, querida, disse tudo isso para que você fique tranquila em relação à decisão que você tomou. Muitas outras pessoas trilharam o mesmo caminho que você e foram extremamente abençoadas.

Já que você saiu, não olhe para trás e siga em frente sem se acomodar. Viver o evangelho é mais difícil do que simplesmente frequentar igrejas e atender a orientações sobre como fazer cultos e reuniões. Viver o evangelho de Cristo é “negar-se a si mesmo” e obedecer seus mandamentos e ensinamentos em todos os lugares e em todas as áreas da nossa vida.

Ser crente dentro da igreja é muito fácil. É fácil vestir uma capa e colocar uma máscara por alguns minutos do dia. Difícil é ser um crente transparente em nossos relacionamentos em casa, no trabalho, na escola, no lazer, no trânsito, na vizinhança, na rede de computadores etc.

Sim, a porta é estreita, mas essa é a nossa única esperança de salvação e poucos acertam com ela.

Grande abraço,

Pr. Sólon

celeiros.df@gmail.com