Carta 213

02/07/2013 16:44

DATA DA PUBLICAÇÃO: 10/2/2012

 

De: Ademir Soares Lima prademirlima@gmail.com

Para: "Pr. Sólon"

Data: 7 de fevereiro de 2012 17:47

Assunto: TV - GAZETA

Meu querido pastor Sólon, li a carta 212 e senti o desejo de me manifestar formalmente, uma vez que eu também tenho recebido muitos contatos de pessoas que nos perguntam o que pensamos a respeito dos fatos que a mídia tem narrado nos últimos dias a respeito da Igreja Cristã Maranata.

Inicialmente, gostaria de dizer que admiro a sua postura e concordo com tudo o que você já disse sobre o assunto em questão. Que Deus continue lhe dando mais e mais este entendimento.

 Ah! se nossos queridos irmãos da ICM, principalmente a liderança, aproveitassem esse momento para refletir um pouco mais sobre o amor, sobre a misericórdia, sobre o perdão e sobre a humildade... Essas coisas produzem grande efeito no mundo espiritual e são capazes de trazer cura para a alma e sarar feridas.

Sim, esta pode ser uma boa hora para vermos perdão, cura e restauração. Nós sabemos de muitos que perderam inclusive a fé por acharem que tudo que era dito pelo PES “era o próprio Deus falando”, mas que depois perceberam que as coisas não eram bem assim. Mas, isso pode ser mudado.

Meu desejo é ver a derrota de Satanás e de seus aliados, mas não podemos negar que enquanto o homem, inclusive as lideranças evangélicas, não se dobrarem diante de Deus e passarem a ser imitadores de Cristo estarão sujeitos a desenvolver atitudes procedentes da vaidade, da ganância e do orgulho humano e não as atitudes nobres, altruístas, espirituais, sensatas e humildes que aprendemos com Jesus.

Ora, o poder, a autoridade e a ação do Espírito Santo é essencial para que o crente vença nestas horas de trevas, mas o único modo de alcançar isso é imitando a Cristo, detentor de todo poder e autoridade.

Mas, como você já disse, só o perdão, só o reconhecimento do erro e  uma disposição de abandoná-lo traz a cura. Precisamos mais do que nunca parecer com Jesus, em tudo, principalmente na humildade, pois Ele mesmo disse, que o humilde seria elevado, mas o soberbo seria abatido.

Eu não me alegro com os últimos acontecimentos, pois sei quem é o nosso verdadeiro inimigo e contra quem devemos lutar nesta hora.

 Tenho esperanças e desejo que todos estes problemas administrativos da ICM sejam resolvidos, mas especialmente que todas esses acontecimentos abram espaço à reflexão.

Evidentemente, tudo isso nos tem entristecido, pois apesar de estarmos com mais de nove anos fora da ICM, e continuando olhando somente para o autor e consumador de nossa fé, não podemos negar que ali aprendemos amar ao Senhor Jesus e vivemos grandes experiências com o nosso Deus.

Ali, também, deixamos muitos amigos, servos fiéis que não mereciam estar passando por tudo isto, pois são servos como poucos.

Que Deus tenha misericórdia de nós, sobre nós levante seu rosto, e nos dê a paz.

Pr. Ademir Lima (061) 9966-4774

 

De: Pr. Sólon

Para: Ademir Soares Lima <prademirlima@gmail.com>

Data: 10 de fevereiro de 2012 09:53

Assunto: Re: TV - GAZETA

Prezado Pastor Ademir, paz!

Creio que todo o escândalo que vem ocorrendo na atualidade, não só na ICM, mas em tantas outras igrejas que passam por situações semelhantes, deve nos servir de exemplo para que mantenhamos a vigilância constante. Afinal, estamos todos advertidos pela própria palavra de Deus:

“Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.” (1 Timóteo 6:10 RA)

“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (1 Coríntios 10:12 RA)

Sim, estamos avisados, mas também sabemos que as dificuldades desta vida não devem ser impedimento para avançarmos. Jesus nos deu exemplo para seguirmos, mesmo diante das aflições, que são inevitáveis:

“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16:33 RA)

Penso que as pedras do caminho e os obstáculos devem ser encarados como estímulos à superação e para corrigirmos alguns rumos em nossa jornada.

Quem sabe esta não é a hora para que a ICM busque se ajustar mais à vontade de Deus, procurando o perdão de Deus pelas atitudes soberbas e sem misericórdia de outrora. Nós bem sabemos que a ICM, mesmo involuntariamente, ou sem saber o que fazia, prejudicou muitas famílias – homens e mulheres de Deus que perderam muito em convívio familiar em nome da “obra de Deus”. Adolescentes e crianças cujos pais ficaram distantes porque passavam muito tempo dentro da igreja em cultos, reuniões e seminários, e não se atentaram para a necessidade emocional de seus filhos.

Quem sabe esta não é a oportunidade que Deus está dando à ICM para refletir sobre essas coisas? Quem sabe se não é este o momento de se repensar alguns conceitos, práticas e doutrinas, a exemplo do modo como utilizam os dons espirituais para justificar suas ações, inclusive aquelas antibíblicas?

Nós sabemos dessas dificuldades que muitos não querem ou não podem enxergar, mas também estamos cientes de que a ICM é uma igreja que tem as melhores intenções e que lá congregam homens e mulheres de grande valor.  Creio, honestamente, que a ICM e seus membros sempre tentaram fazer o melhor para Deus. Por isso, como você, eu não me alegro com os últimos acontecimentos e, também, sei quem é o nosso verdadeiro inimigo e contra quem devemos lutar nesta hora.

Falhar e cometer injustiças faz parte da natureza humana. Mas, o que devemos fazer quando notamos que falhamos? Simples, todo crente deveria saber: reconhecer o erro e as injustiças cometidas, arrepender-se sinceramente, confessar o pecado e pedir perdão. Foi assim que fomos inicialmente restaurados no nosso primeiro contato com o evangelho do Senhor Jesus e no nosso caminhar não pode ser diferente.

 

Sim, mas o difícil é o homem reconhecer seus erros. No caso dos crentes, isso parece ser ainda mais complicado, pois são envolvidos por uma presunção de legitimidade espiritual que os impede de enxergar que são tão falhos quanto qualquer outra pessoa. Erram e não admitem que erraram. Invocando a autoridade que têm, pais não admitem que erraram com seus filhos; maridos não admitem que erraram com suas mulheres; pastores não admitem que erraram com seus rebanhos etc. Preferem se justificar dizendo que são servos de Deus e que estavam buscando fazer o melhor possível por todos eles. Mas, essas justificativas não afastam seus erros e, consequentemente, não afastam a necessidade de se reconhecer onde falharam e pedir perdão. Ora, sem arrependimento e confissão não há perdão e sem perdão não há salvação, simples assim.

No caso da ICM não é diferente.

Nós sabemos que eles humilharam, desprezaram, caluniaram e escarneceram de várias pessoas, inclusive de alguns que foram colaboradores durante boa parte de suas vidas. Muitos, pelo simples fato de procurarem congregar em outra denominação, foram chamados publicamente, em seminários, de “caídos”, desajustados, “unha encravada”, “loucos” e a outros dirigiram insinuações sobre suas escolhas, dizendo que preferiram o misticismo a “mescla” e coisas do gênero.

Interessante, ainda, é o modo como algumas pessoas foram desligadas dos serviços da ICM sem qualquer explicação. Nem suas famílias e nem os membros ficavam sabendo o que havia acontecido. Os líderes diziam que mantinham o silêncio para não expor as pessoas e suas famílias. Isso era trágico, pois dava margem a suposições maldosas: saiu por quê? O que aconteceu com o fulano? Será que adulterou? Será que roubou? Enfim, o silêncio, sem as devidas explicações afetava profundamente a moral das pessoas.

E o que dizer daqueles que simplesmente saíram por questões de convicção pessoal? Esses igualmente passaram pelas mesmas presunções maldosas de seus irmãos.

Lembro-me de servos de Deus que foram chamados publicamente de adúlteros e ladrões sem se abrir o mesmo canal de comunicação para que se defendessem. Isto é justo? Pode-se acusar alguém publicamente e não lhe dar direito de defesa? Até mesmo os ímpios têm noções de justiça melhores do que crentes que fazem coisas assim.

“A eles respondi que não é costume dos romanos condenar quem quer que seja, sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores e possa defender-se da acusação.” (Atos 25:16 RA)

“A seguir, Agripa, dirigindo-se a Paulo, disse: É permitido que uses da palavra em tua defesa. Então, Paulo, estendendo a mão, passou a defender-se nestes termos:” (Atos 26:1 RA)

O fato é que muitos servos de Deus, humildemente deixaram de exigir o direito de defesa preferindo o conselho da palavra de Deus e assim seguiram suas vidas apesar do modo como foram tratados.

“Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;” (Mateus 5:39 RA)

“Ora, nós conhecemos aquele que disse: A mim pertence a vingança; eu retribuirei. E outra vez: O Senhor julgará o seu povo.” (Hebreus 10:30 RA)

não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor.” (Romanos 12:19 RA)

 

Por coisas desse tipo é que sair da ICM, por convicções pessoais, é algo complicado e exige muita coragem.

Mas, como lugar de homens frouxos, covardes e medrosos não é no reino dos céus, muitos enfrentaram a situação e seguiram suas convicções sem medo do que teriam que enfrentar:

“Apregoa, pois, aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for tímido e medroso, volte e retire-se da região montanhosa de Gileade. Então, voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram.” (Juízes 7:3 RA)

Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” (Apocalipse 21:8 RA)

Talvez hoje seja diferente, mas no nosso tempo assistimos coisas parecidas com as inquisições católicas: alguns pastores tiveram que passar por situações vexatórias e humilhantes diante da liderança da ICM sem poder abrir suas bocas. Sim, nós bem sabemos que muitos servos de Deus foram injustiçados na ICM, punidos sem oportunidade de defesa, desprezados por coisas mínimas, preteridos em razão da raça ou da condição social e excluídos “dentro”. Alguns foram lançados para fora em razão de pecados que todos estão sujeitos...

Ficam as perguntas: isso é cristão? Jesus ensinou coisas semelhantes? A igreja não seria o lugar do exercício do amor, da misericórdia e da restauração, a exemplo do que o Samaritano fez com o Judeu no caminho de Jericó? Podemos ser coniventes com homens que praticam injustiças em nome de Deus e presumir que somos servos de Jesus?

Creio que minha parte eu já fiz. Você se lembra do sonho que tive em 2009 sobre o circo que desabava? Pois é, fiz o que Deus mandou (você sabe o que) e agora, se Deus está tratando com a ICM, acho que não precisamos interferir, pois somente Ele sabe a melhor forma de cuidar de seus filhos amados. Vamos apenas aceitar a correção de Deus e orar para que esses dias sejam abreviados pelas atitudes corretas que o Senhor espera de nós.

Grande abraço,

Sólon

 

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