Carta 199
DATA DA PUBLICAÇÃO: 20/12/2011
De: JOÃO
Para: Site Celeiros
Data: 27 de novembro de 2011 20:00
Assunto: Dons espirituais
Prezado Pr. Sólon
APDS
Tenho lido mensagens e cartas no site celeiros e também o seu testemunho.
Sobre dons espirituais, tenho muitas dúvidas. Na Maranata é costume os pastores, no final de um seminário ou culto especial, ou batismo, falarem em línguas com a interpretação. Mas quase sempre dizem o óbvio (palavras de incentivo e consolo e às vezes profecias).
Gostaria de saber, com toda a sinceridade, na época em que o Sr. era Pastor da Maranata, o Sr. também era usado dessa mesma forma? Ou seja, como se sentia naquela época? Acreditava cegamente naquilo? Será que não forçam muito a barra para entregar o dom? Já participei de reuniões na igreja em que o pastor falava para obreiros e diáconos para "soltar a língua" que o Sr. Deus quer usar os irmãos com os dons.
Atenciosamente,
Que Deus continue abençoando o seu ministério.
PS.: Tenho desfrutado e aprendido muito no site "celeiros".
APDS,
De: Site Celeiros
Para: JOÃO
Data: 20 de dezembro de 2011 04:36
Assunto: Re: Dons espirituais
Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.
Espero que minha memória não me traia, mas, pelo que me lembro, eu sempre procurava sentar na última fileira de bancos onde estavam sentados os pastores. Esse comportamento me permitia passar despercebido, de modo que nunca tive que assumir um microfone em nenhum dos eventos que você citou.
Posso estar enganado, mas os pastores do meu pólo não gostavam da minha pregação (não sou um bom pregador), de modo que eu raramente era convidado para pregar em alguma concentração de pessoas. Isso sempre me protegeu de exposição.
Para orar em línguas eu sempre me senti à vontade, pois penso que isso é algo entre mim e Deus. Raríssimas vezes interpretei o dom de línguas nos meus 20 anos de ICM. Posso contar as vezes com os dedos de uma só mão. O mesmo temor que eu tenho hoje de falar em nome de Deus eu tinha no meu tempo de ICM. Nisso, nada mudou. Tenho o mesmo sentimento de antes.
Também, acredito hoje nos dons tanto quanto sempre acreditei – leia o artigo que escrevi sobre “Dons espirituais” (https://bit.ly/nE5AtX). Afinal, eu aprendi a ser excessivamente crítico na ICM. Eu participava continuamente de reuniões repletas de visões e consultas bíblicas, mas só acreditava realmente naquilo que me convencia. No mais, eu já sabia como “a banda tocava”.
Sei que muitos pastores do meu tempo, que ainda estão lá, fazem o mesmo que eu fazia, mas, é claro, não podem admitir isso.
Não sei se você observou, mas nas considerações finais de meu testemunho eu registrei que não comecei a escrever meus questionamentos depois que saí da ICM, mas o fiz ao longo de minha permanência lá. Quando eu deixei a ICM eu já tinha mais de 30 páginas escritas com perguntas sem respostas. E foi exatamente tentando responder aos meus próprios questionamentos que surgiu o meu testemunho como ex-pastor da ICM.
Disse isso para que você compreenda que eu não mudei quando saí. Minha mente saiu muito antes do meu corpo. Logo, mesmo enquanto eu estava lá eu já pensava como penso hoje sobre muitas coisas, só que não podia falar, escrever ou comentar nada com ninguém.
No que diz respeito aos dons espirituais, o artigo que escrevi este ano eu poderia tê-lo escrito enquanto estava na ICM, se isso fosse permitido. E por causa do modo como eu pensava, eu preferia ficar em silêncio, para não falar algo que viesse a escandalizar alguém lá dentro e comprometer minha condição de pastor.
Espero ter satisfeito a sua curiosidade.
O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.
Grande abraço,
Pr. Sólon.
De: JOÃO
Para: Site Celeiros
Data: 20 de dezembro de 2011 14:28
Assunto: Re: Dons espirituais
Caro Pr. Sólon,
Graça e Paz do Senhor Jesus.
Obrigado por ter respondido a minha curiosidade. Tenho apreciado muito a sua coerência, sinceridade, sabedoria, discernimento e amor aos que te procuram e te pedem ajuda. Deus te recompense pelo teu voluntarismo e dedicação à obra de Deus.
Se não te consideravam um bom "pregador" (talvez para o modo deles) de uma coisa eu tenho certeza: Você é um excelente aconselhador e escritor e tem toda a vocação para o que fostes chamado. Glória a Deus!
Nunca concordei com a forma de se conduzir o levantamento de pessoas para assumir os cargos eclesiásticos na ICM. Via alguns irmãos sendo levantados para obreiros, sendo avaliados para pregar a palavra, mas sem nenhum preparo ou habilidade para tal, e mesmo assim eram colocados no púlpito para pregar. Acho que Deus dá talentos e capacita de acordo com as diferenças de habilidades de cada um. Ficava muito intrigado com isso, pois o obreiro que não era usado na mensagem era de certa forma inferiorizado entre os demais, mesmo que ele fosse um ótimo instrumentista, por exemplo.
Quero te dizer que também estou passando por momentos difíceis na minha vida espiritual. Assim como vc, na ocasião em que estavas questionando as doutrinas da "obra", estou nesse momento somente com o meu corpo físico na igreja. A minha mente já saiu desde o ano passado, quando era obreiro e "deixei o paletó" por livre e espontânea vontade.
A minha preocupação é que minha esposa e filhos (minha filha se batizou recentemente) continuam "formatados" na obra e não querem sair. Minha filha é instrumentista (eu também fui) e está muito empolgada. Não tenho forças para sair agora, pois quero preservar a minha família de qualquer trauma. Preciso ser sábio para externar as minhas angústias e ao mesmo tempo saber lidar com toda essa situação.
Não tenho para onde ir, além da Maranata aqui em (...). As demais denominações não me satisfazem. Preciso ter comunhão e servir a Deus em outro lugar, mas não sei aonde. Por enquanto continuo indo na Maranata mesmo, mas a minha participação lá se resume a sentar no banco, cantar os louvores (que gosto muito) e ouvir as mensagens de sempre.
Não queria continuar um crente "passivo". Preciso de ajuda! não consigo mais ser útil na maranata, por causa das minhas atuais convicções acerca do evangelho do Senhor Jesus.
O site celeiros tem contribuído bastante para o meu entendimento acerca do evangelho. Fui batista desde a infância, me batizei lá, me afastei do corpo de cristo na juventude, conheci a maranata através de um colega de trabalho no ano de 1999 e me "apaixonei" à primeira vista.
Eu não queria frequentar mais nenhuma igreja evangélica, por vários motivos. Porém a ICM me despertou de um sono espiritual. Confesso que fui guiado muito pela emoção, não me atentando muito para as questões doutrinárias. Aprendi muito na "obra" (fiz todos os seminários) doutrinas novas e aparentemente interessantes (eu não tinha muita base bíblica para questioná-las). Por isso ficava cada vez mais maravilhado com a "obra".
O livro de cantares, por exemplo, interpretado nas aulas do maannaim, me deixou perplexo. Nunca tinha visto aquilo em lugar nenhum. Maravilha!. Aliás, esse ensino do livro de cantares a meu ver é o melhor de todos lá. Só mais tarde é que veio "cair a ficha", com o meu amadurecimento na palavra e na minha intensa curiosidade (achei o seu testemunho e o site celeiros na Net por curiosidade de saber mais sobre a ICM).
Até sobre a origem da ICM eu queria saber com detalhes, mas as informações que eu tinha eram aquelas conhecidas "superficialmente" por todos. Só agora pude saber da história do surgimento da ICM, através desse depoimento que foi postado no site celeiros.
Queria escrever mais. Fica para uma outra oportunidade. Até mais.
Pr Sólon, gostaria de continuar contando com o seu apoio.
APDSJ
De: Pr. Sólon
Para: JOÃO
Data: 20 de dezembro de 2011 17:31
Assunto: Re: Dons espirituais
Prezado irmão JOÃO, que a paz do Senhor Jesus seja com toda a sua casa.
Vejo que você já é um homem com um bom entendimento do evangelho do Senhor Jesus e que está se doando para ver sua família unida no Senhor.
Creio que no tempo certo Deus o honrará.
“Se alguém me serve, siga-me, e, onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me servir, o Pai o honrará.” (João 12:26 RA)
Suas angústias são as mesmas de várias outras pessoas, mas eu posso lhe garantir que muitos outros já encontraram a solução para essas mesmas questões. Com você não será diferente.
Sempre que precisar, pode fazer contato.
Aproveito a oportunidade para desejar a você e a toda a sua família um ano novo com muita saúde e grandes realizações.
O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor faça resplandecer o rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz.
Grande abraço,
Pr. Sólon.